sábado, 31 de outubro de 2009

clipping - diario de pernambuco - 10/10/2009

Experimentações cinematográficas

Em 50 minutos, Balsa abre mão de trilha sonora e de diálogos em prol da contemplação da paisagem

André Dib


O Cineclube Dissenso apresenta hoje, às 14h, no Cinema da Fundação, o documentário Balsa, de Marcelo Pedroso (veja detalhes no www.pernambuco.com/diversao). Fruto da parceria entre as produtoras Símio Filmes e Cinemascópio, o filme foi realizado em suporte digital, com câmeras fixas posicionadas dentro de uma balsa que faz o trajeto Japaratinga - Porto de Pedras, no litoral norte de Alagoas. O movimento fica a cargo das pessoas, automóveis e da paisagem ao redor, que varia conforme a posição da embarcação.


Documentário reproduz travessia entre Japaratinga e Porto de Pedras, em Alagoas. 
O resultado é pouco convencional e instiga a percepção com planos coloridos e contemplativos. Ao longo de 50 minutos, não há trilha sonora, muito menos diálogos. Somente som direto, quase sempre ocupado pelo ruído do motor a diesel que impulsiona a balsa. "É um exercício de desacelerar e olhar para as coisas, perceber detalhes", diz o diretor, que se baseia no conceito "câmera-olho" do russo Dziga Vertov para transformar a balsa num grande intrumento de escrita cinematográfica. "Ao mesmo tempo, a balsa permite uma aproximaçãocom outros elementos, como uma revisão da temporalidade através da noção dos tempos vazios, a própria noção de dispositivo fílmico em substituição ao roteiro".

Pedroso não vê empecilho na opção pelo formato média metragem. "Fiquei meio assustado por conta da dificuldade de escoamento. Fiz uns testes para ver como funcionaria se fosse um longa, mas não gostei do resultado. E, no fim das contas, foi ótimo ter um média, pois além de respeitar o tempo do filme, me ajudou a pensar em outras formas de distribuição".

A ideia é escoar pelo menos mil cópias de Balsa em espaços de exibição ligados ao Conselho Nacional de Cineclubes. Também haverá distribuição em lojas, livrarias e locadoras de vídeo, além de versões digitais para download. Hoje, durante o lançamento, versões em DVD estarão à venda no local, em display que depois será usado para vender filmes pernambucanos. 

clipping - jornal do commercio - 09/10/2009


Balsa, de Marcelo Pedroso, marca a distribuição alternativa



Depois de passar pela Semana dos Realizadores, no Rio de Janeiro, e por algumas salas de aulas de escolas da rede pública, além de faculdades – o documentário Balsa, do cineasta Marcelo Pedroso, tem lançamento oficial amanhã, em sessão especial do Cineclube Dissenso. A partir das 14h, o Cinema da Fundação exibe a estreia do filme, que é seguida por debate com a presença do diretor.

Com um projeto de distribuição e exibição peculiar, já que mesmo no circuito alternativo não há tanto espaço para o formato de média-metragem, o documentário foi exibido desde segunda-feira em escolas públicas na UR-11, em Olinda e em Boa Viagem. Hoje a obra é exibida na faculdade Aeso. A distribuição conta ainda com uma tiragem de mil DVDs, que vão ser vendidos em livrarias e cafés, além de prever a disponibilização para download.


O média monta um mosaico a partir do flagrante de momentos banais. Ao retratar uma balsa no litoral norte de Alagoas, Pedroso propõe em seu filme uma discussão em torno da linguagem documental. Imagens que tentam se integrar de forma orgânica ao veículo exibem quadros fixos nos quais podem ser vistos personagens que estabelecem contato com a balsa nos minutos que separam uma margem da outra.

clipping - folha de pernambuco - 05/10/2009



O outro percurso da "Balsa"

Marcelo Pedroso faz estratégia alternativa para seu novo filme
Talles Colatino   





O média-metragem terá sua primeira exibição pública, no Recife, hoje




O desafio de superar as barreiras da distribuição de filmes fez com que o cineasta Marcelo Pedroso montasse uma estratégia inovadora para divulgar sua mais recente produção, o documentário “Balsa”. O média-metragem, que teve sua premiere mês passado, na Semana dos Realizadores, no Rio de Janeiro, terá sua primeira exibição pública hoje - e durante o resto da semana -, em escolas públicas de Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho.

“O mercado de distribuição de filmes tem muitos empecilhos e os festivais acabam sendo uma das poucas saídas para conseguir visibilidade. Mas a situação fica mais difícil quando se trata de um média-metragem, que era o formato mais adequado para ‘Balsa’. Os festivais têm um suporte melhor para curtas e longas”, analisa o diretor. Investindo na escola como um espaço de formação, a intenção de Pedroso é que os alunos possam descobrir outras formas de linguagem e recepção de filmes, bem diferente do cinema comercial.

O documentário, que foi gravado em agosto de 2008 com recursos do concurso de roteiros Ary Severo/Firmo Neto (Prefeitura do Recife e Governo do Estado de Pernambuco), utiliza da subjetividade para narrar a travessia de um rio através de uma balsa, enquanto uma ponte - que, uma vez concluída, tende a acabar com a travessia pela embarcação - é construída.  “Como o edital para a realização do filme foi público, é justo que a gente procure democratizar o acesso a ele”, pontua Pedroso.

O programa que percorrerá as escolas tem parceria com o curso de cinema da Universidade Federal de Pernambuco. Os alunos do curso, que já viram o filme e escreveram críticas a serem publicadas no blog de “Balsa” (www.docbalsa.blogspot.com), participarão dos debates com os estudantes dessas escolas.

Pedroso também preparou mil cópias do filme, para distribuir nas locadoras da cidade e colocar a venda em lugares estratégicos, como livrarias. O DVD deverá custar entre R$ 8 e R$ 11 (preço a ser definido) e, entre os pontos de venda já fechados, está o Café Castigliani, instalado no Cinema da Fundação. Mesmo cinema que, no próximo dia 10, exibe “Balsa” gratuitamente no Cineclube Dissenso, às 14h, seguido de debate.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

clipping - jornal do commercio - 20/09/2009

Entre as margens e o Rio 

Balsa, filme de Marcelo Pedroso, é exibido pela primeira vez amanhã na Semana dos Relizadores, no Rio de Janeiro

Fellipe Fernandes

ffernandes@jc.com.br


Uma senhora está sentada num banco. Ela procura algo numa bolsa. Olha para um lado, para o outro, vê o mar e e continua a remexer na bolsa que descansa sobre suas pernas. Ela está numa balsa em Japaratinga, litoral norte de Alagoas. Ouvimos apenas o barulho do mar a bater no casco do veículo. Qualquer espectador que assiste a Balsa, filme de Marcelo Pedroso que tem estreia nacional amanhã na Semana dos Realizadores no Rio de Janeiro, pode sentir-se um ladrão. São roubados minutos tão particulares quanto corriqueiros da vida de personagens que nunca saberemos o nome. Como a senhora do início do parágrafo, que por fim tira um papel de dentro da bolsa, completamente indiferente à lente cinematográfica.

Ganhador do prêmio Ary Severo/ Firmo Neto para roteiro de curta-metragem, o filme de Pedroso (uma produção da Símio Filmes com a Cinemascópio Produções) reúne cenas que se passam entre uma margem e outra de um rio em 48 minutos de imagens. “A ideia partiu de uma visita que fiz lá na balsa, quando surgiu a vontade de conceber um dispositivo fílmico que pudesse emular aquele movimento, aquela rotina”, explica o cineasta, que depois completa: “Não é um filme sobre a balsa. Existe, na verdade, uma tentativa de fusão entre a câmera e a balsa”. Em momento algum da obra vê-se o veículo a partir de uma visão externa, a câmera está sempre sobre a estrutura da balsa. Longe da linguagem tradicional dos documentários, o filme é composto por vários planos geralmente abertos e fixos que flagram momentos dentro do transporte durante a travessia. “Há uma liberdade muito grande para procurar novas linguagens. Não tem a construção de personagens. São encontros determinados pelas margens do rio. É um território de liberdade enorme para se lançar diferentes formas estéticas”, explica Pedroso.

Co-diretor de KFZ – 1348, ao lado de Gabriel Mascaro, que exibe novo filme hoje pela primeira vez no Brasil também na Semana dos Realizadores (ver matéria abaixo), o cineasta prefere utilizar o termo dispositivo fílmico que documentário para designar sua obra. “Nos meus filmes tenho procurado buscar esse conceito de dispositivo que são algumas regras que buscam dar sentido à apreensão das imagens e a partir daí ficamos livre para criar. O que se pode ver em Balsa é o postulado da transitoriedade para se relacionar as pessoas. Sem teses bem acabadas, mas recortes de impressões em breves intervalos. Tudo ali é breve mesmo. O que faço é utilizar recursos narrativos para conceber a balsa como um organismo”, comenta.

Para alcançar este feito, o diretor contou com o auxílio de Thelmo Cristovam, técnico de som. O áudio exerce papel fundamental no média-metragem. Tenta-se entender a balsa como um organismo também pelo som, seja da água que bate, seja do motor que ressoa, seja da música que toca no carro. Thelmo utilizou o aparelho de captação de áudio agregado a um estetoscópio, que é capaz de captar a vibração da matéria. 

FAZER UM MÉDIA

Pouco utilizado por realizadores, o formato média-metragem (que abrange produções superiores a 30 minutos e inferiores a 60 – números que podem variar de acordo com o festival) é aceito em poucos festivais de cinema do País. Por esse e outros motivos, Pedroso resistiu em aceitar a duração final. “Passei vários meses com um curta na mão, mas teve um dia que pirei e resolvi repensar a obra. Aí foi crescendo, crescendo e virou um média”, conta o diretor.

No final, o cineasta acredita que o formato trouxe benefícios ao projeto, pois o forçou a procurar alternativas de distribuição que vão além dos festivais. “A ideia é chegar ao publico que geralmente não veria o filme. Acontece que a gente geralmente termina a obra e fica muito viciado à ideia dos festivais. Não é virar as costas, mas criar ações complementares. Por isso nos identificamos bastante com a proposta da Semana dos Realizadores”, explica. Balsa já foi exibido para os alunos do curso de cinema da Universidade Federal de Pernambuco e conta com um blog (docbalsa.blogspot.com), para facilitar a aproximação com o público. No dia 10 de outubro, o média tem sua estreia oficial no Recife, numa sessão especial do Cineclube Dissenso, que acontece no Cinema da Fundação.

clipping - jornal do commercio - 18/09/2009

Rio tem Semana dos Realizadores

Fellipe Fernandes
ffernandes@jc.com.br

Se a dimensão do cinema pode ser medida pela quantidade de filmes produzidos, o cinema brasileiro nunca foi tão grande. Dessa forma, nada mais natural que a criação de uma mostra paralela atrelada a um dos maiores festivais cinematográficos do País, o Festival do Rio. A Semana dos Realizadores, que tem início hoje e segue até a próxima quinta no Rio de Janeiro, conta com três obras pernambucanas na mostra que reúne dezenove filmes.

São exibidos no Unibanco Arteplex, na Praia de Botafogo: Um lugar ao sol, longa de Gabriel Mascaro que ganhou menção especial em festivais de Buenos Aires e Chile e estreia no Brasil domingo, Balsa, média-metragem inédito de Marcelo Pedroso, e Não me deixe em casa, curta de Daniel Aragão que estreou no último Festival de Gramado. A programação da Semana de Realizadores tem início com a exibição de Sagrado segredo, de André Luiz Oliveira (DF), e Passos no silêncio, de Guto Parente (CE).

“O cinema era maior do que o maior de seus festivais”, lembra a carta de fundação da Semana dos Realizadores, referindo-se ao surgimento da Quinzena dos Realizadores, mostra paralela ao Festival de Cannes. Assinada por sete cineastas, a carta ressalta que a mostra carioca não pretende dar conta de toda a produção nacional contemporânea. “No entanto, consideramos significativa a duplicação dos pontos de vista representada pelo simples fato de que passem a ser dois, e não mais apenas um, os olhares lançados sobre a produção audiovisual no contexto deste momento privilegiado do ano em que os olhos cinematográficos do país se voltam para o Rio de Janeiro”, expressa o texto.

“Existe minimamente uma unidade na seleção dos filmes. As obras têm um desejo de propor olhares de cinema que vão na contramão de um cinema oficial. Um cinema que busca se arriscar, que não tem compromisso a priori com sucessos comerciais, mas que quer muito ser visto”, explica Eduardo Valente, um dos fundadores que assina a carta ao lado de Felipe Bragança, Gustavo Spolidoro, Helvécio Marins Jr., Kleber Mendonça Filho (crítico deste JC), Lis Kogan e Marina Meliande.

clipping - diário de pernambuco - 17/09/2009

Cinema // Realizadores se encontram no Rio

Três novos filmes de realizadores pernambucanos serão exibidos no Rio de Janeiro durante a primeira Semana dos Realizadores, sediada no Espaço Unibanco Arteplex Botafogo. Criado nos moldes da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, o evento antecipa o Festival do Rio 2009, que começa na próxima quinta-feira. Dezenove longas, médias e curta-metragens de sete estados brasileiros foram selecionados para a Semana, entre eles Balsa, de Marcelo Pedroso, Um lugar ao sol, de Gabriel Mascaro, e Não me deixe em casa, de Daniel Aragão. Os filmes de Mascaro e Pedroso são inéditos. O de Aragão estreou no último Festival de Gramado.

Em manifesto publicado na internet, os fundadores da Semana dos Realizadores afirmam não ter a intenção de abranger a cada vez maior produção de filmes brasileiros, mas sim, oferecer um segundo olhar, "alternativo e complementar ao que o Festival do Rio apresenta". Assinam a carta os cineastas Eduardo Valente, Felipe Bragança, Gustavo Spolidoro, Helvécio Marins Jr., Kléber Mendonça Filho, Lis Kogan e Marina Meliande.


Balsa, do pernambucano Marcelo Pedroso, estreia no evento carioca. Foto: Semana dos Realizadores/Divulgação
A mostra também exibirá os filmes Sagrado segredo (DF), de André Luiz Oliveira, Passos no silêncio (CE), de Guto Parente, Tudo isso me parece um sonho (RJ), de Geraldo Sarno, Mangue negro (ES), de Rodrigo Aragão, Bloco D (SP), de Vinicius Casimiro, Quarto de espera (RS), de Bruno Carboni e Davi Pretto, Notas flanantes (MG), de Clarissa Campolina, Acácio (MG), de Marília Rocha, O menino japonês (SP), de Caetano Gotardo, A casa de Sandro (RJ), de Gustavo Beck, Pastoreio (PR), de Alexandre R. Garcia, A fuga da Mulher-gorila (RJ), de Felipe Bragança e Marina Meliande, As sombras (SP), de Marco Dutra e Juliana Rojas, Morro do Céu (RS), de Gustavo Spolidoro, Sweet Karolynne (PB), de Anna Bárbara Ramos e No meu lugar (RJ), de Eduardo Valente.

clipping - folha de pernambuco - 17/09/2009

Pernambucanos em festival nacional
Eles participam da 1ª mostra “Semana dos Realizadores”, no Rio de Janeiro

LUIZ JOAQUIM

Mesmo com as ressalvas de especialistas ao Festival de Cannes nos últimos dez anos sobre seu modelo atual em apresentar novos talentos ao mundo, ninguém contesta a importância do festival francês. Agora em 2009 completam-se 40 anos da mostra paralela “Quinzena dos Realizadores”. Surgiu pela inquietação de alguns cineastas franceses ainda sob o impacto do eventos socioculturais de 1968. A mostra abria mais uma janela para Cannes pela qual o cinema poderia respirar uma vertente mais livre.

Amanhã (e seguindo até dia 24), no Rio de Janeiro, uma iniciativa parecida acontece sob os cuidados também de um grupo de cineastas, estes brasileiros. É a 1ª mostra “Semana dos Realizadores”, com 23 filmes, surgindo como uma alternativa ao Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro (que só inicia dia 24) - o mais importante da América Latina.

Um dos criadores do “Semana”, Eduardo Valente assina uma carta descrevendo os ideais que guiam a mostra. É um documento co-assinado por outros realizadores cariocas, gaúchos, mineiros e o pernambucano Kleber Mendonça Filho.

“Cada novo espaço que se abre para o cinema funciona como um precedente que disponibiliza o acesso a conhecer coisas boas que se têm produzido”, comenta Kleber. Foi dele a indicação dos três filmes pernambucanos presentes na “Semana”. São os curtas-metragens “Não me Deixe em Casa” (quinta, 24), de Daniel Aragão, e “Balsa” (segunda-feira), de Marcelo Pedroso; além do longa “Um Lugar ao Sol” (domingo), de Gabriel Mascaro.

Estes dois últimos terão sua primeira exibição pública no Brasil, tendo “Um Lugar ao Sol” já passado, com elogios e prêmios, pelo Chile, Argentina, Suíça, Alemanha e EUA. Foi de Kleber também a indição da artista plástica pernambucana Clara Moreira, que criou a identidade visual da “Semana”, e também do pôster de “Um Lugar ao Sol” - assim como de vários outros filmes pernambucanos. A “Semana” acontece no Unibanco Arteplex, bairro de Botafogo, com ingressos a R$ 8,00 e R$ 4,00.